Poema - Balada Melancolia

Ato II

Encorpado...
Cultivado na melhor vinícola.
Tinto suave.
Um brinde aos nós.

De aroma agradável ao olfato
Doce e refinado no paladar.
Quem prova teu gosto vicia.

Vício...
Dependência de uma substância ou um individuo.
Sensação de bem-estar...
Prazer.

Nos pontos e vírgulas,
Nas entrelinhas.
Talvez seja a abstinência de toque
Que promove alucinações encorajada pelo tato traidor.

Ou seria a audição, traidora, que no tilintar das taças dispara o coração?
-Ah, coração. Não denuncie-me.

Serias tú, paladar, o traidor?
Que guarda o gosto dela em sua memória o reproduzindo de forma ininterrupta, causando furor em meu peito?
-Coração,  aquieta-te.

Teu cheiro, presença constante no ar.
Impedindo o esquecimento do olfato.
Ou seria ele traidor da confiança em insistir na busca de algo inalcançável?
-Ressona, coração.

-Temo que não me seja traidora, visão.
Por maior que fosse sua vontade, não era possível enxergá-la.
Nem espectro...
Nem fantasma...
Nem projeções de memória.

Nada.
Só a noite, a lua, o vinho e a taça.
-E nós?
Os nós.
-Um brinde a nós.


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